No avião, vieram a viúva Maria Thereza e os filhos João Vicente e Denize. Autoridades também desembarcaram, incluindo a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário.
Com a chegada do corpo, o passo seguinte será o transporte para a Igreja São Francisco de Borja, onde será rezada uma missa. No final da tarde, o segundo sepultamento de Jango no cemitério Jardim da Paz, no mausoléu da família Goulart.O corpo de Jango estava na capital federal desde o dia 14 de novembro, data da exumação no município gaúcho. Em Brasília, logo depois de receber as honras de Chefe de Estado, com a presença da presidenta Dilma, os restos mortais permaneceram no Instituto Nacional de Criminalística do Departamento da Polícia Federal (INC/DPF), onde foram coletadas as amostras para os exames toxicológicos, que serão enviados a laboratórios estrangeiros.
A ministra Maria do Rosário, da SDH/PR, recordou que com esse ato, o governo brasileiro consolida mais um compromisso assumido ao longo do processo. "Estamos cumprindo com a responsabilidade que assumimos com a família e com a comunidade de São Borja, do Rio Grande do Sul e do Brasil", afirmou.
Rosário também disse que o objetivo do governo brasileiro, representado pela SDH/PR e pela CNV, é que o país tenha conhecimento de todos os fatos que constituem a História. O processo de exumação, coleta de amostras e exames toxicológicos é parte do esforço para esclarecer as reais circunstâncias que levaram Jango à morte. "Vamos trabalhar o laudo como um todo, essa é a referência. A diretriz é que tanto o laudo antropológico, quanto o laudo antemorten, quanto o laudo posterior e toda a pesquisa de caráter toxicológico sejam apresentados em conjunto para o país", garantiu.
Em nome da família, João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, comentou sobre a grande carga emocional do momento. "É difícil porque estamos enterrando um pai pela segunda vez e desenterrando uma luta de dignidade, de sofrimento pelo Brasil", desabafou. Ele ainda abordou o cumprimento do compromisso com a comunidade de São Borja e do significado histórico da exumação. "Estamos retornando os restos mortais dele para a sua cidade, para o seu povo. Sem dúvida, estamos fazendo o revisionismo da vida, da luta e das propostas do presidente Joao Goulart. O golpe de Estado de 1964 não foi dado contra o presidente Jango, foi dado contra as reformas de Base propostas pelo seu governo", disse João Vicente.
Líder sindical e amigo de Jango, Rafael Mandelli acompanha a comitiva.
"[João Goulart] era um homem que se reunia com o movimento sindical como um irmão e sabia o que era necessário para fazer o Brasil crescer", declarou.
Em São Borja, os restos mortais do ex-presidente ficarão na Igreja Matriz, onde haverá celebração religiosa às 14 horas. Depois de um breve cortejo até o Cemitério Jardim da Paz, o corpo será reinumado às 16 horas.
Mais trabalhos de Memória e Verdade - Na coletiva, a ministra Maria do Rosário abordou os esforços para esclarecer casos de mortos e desaparecidos políticos, como a Vala de Perus, Araçá e a Guerrilha do Araguaia. "Ao homenagearmos o presidente João Goulart, nós também precisamos dizer que estamos trabalhando em Perus, com as famílias dos mortos e desaparecidos. A Secretaria de Direitos Humanos constituiu um Grupo de Trabalho de Arqueologia e Antropologia Forense, estamos realizando o trabalho de diagnóstico da situação em Perus, na fronteira do Brasil e Paraguai e da questão do Araguaia", afirmou. O grupo está ligado à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).
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