Exumação de Jango terá perito que trabalhou na exumação de Che Guevara
"É um procedimento inédito no Brasil, mas existe tecnologia e nós trabalhamos com a cooperação de sistemas de vários países... Uruguai, Argentina, o perito indicado pela família é o Jorge Peres, além da Cruz Vermelha", explica o neto do presidente, Christopher Goulart. Segundo Christopher, o perito da ilha de Fidel Castro é o reitor da Universidade de Ciências Médicas de Cuba e, além de ter trabalhado na exumação de Che Guevara, estudou o caso de Simon Bolívar.
Segundo a ministra da Secretaria de Diretos Humanos, Maria do Rosário, o processo de exumação é apenas uma parte da investigação, que fez todo um resgate histórico. "Tivemos um levantamento do monitoramento que foi feito, tudo que ele vivenciou ao longo dos anos com perseguições no exílio, e o somatório da pesquisa histórica e a pesquisa que partirá da exumação nos restos mortais - e identificação de possíveis venenos - é o conjunto desse processo exumatório", afirmou.
Os peritos chegam ao Rio Grande do Sul no dia 11 de novembro, com exumação prevista para o dia 13, e transporte do corpo, com honras de Estado, no dia 14. Em Brasília, serão feitos exames de DNA e de análise do corpo, para identificar se realmente são os restos mortais do presidente, e serão retiradas amostras para serem levadas a laboratórios internacionais, responsáveis por identificar possíveis substâncias que possam ter sido utilizadas para matar Jango.
"As amostras são levadas para alguns laboratórios do mundo, em parceria com o Instituto Nacional de Criminalística, e toda a parte que diz respeito à existência de substâncias vai ser analisada em plano internacional, para que seja cumprido um compromisso ético e de responsabilidade do Estado brasileiro", disse a ministra Maria do Rosário, completando que laboratórios ou países onde ficam não serão divulgados.
Todo o processo de exumação será realizado em datas com vinculação histórica, segundo afirmou Maria do Rosário, dizendo que o corpo deixa o Rio Grande do Sul na véspera da Proclamação da República, e que deve retornar no dia 6 de dezembro, que foi o dia em que morreu no exílio, na Argentina.
"É importante que as pessoas saibam que é o único presidente do Brasil que morreu no exílio, que não teve as honras de chefe de Estado, porque morreu na condição de perseguido pelo regime militar", completou a ministra.