sexta-feira, 12 de julho de 2013

Corpo de João Goulart será periciado no Distrito Federal

Fonte: MCS - Correio Braziliense | 10 de julho de 2013
Os restos mortais do ex-presidente João Goulart serão submetidos a perícia em Brasília. Os exames serão feitos no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. Se houver necessidade, especialistas ou laboratórios estrangeiros poderão ser requisitados. Além de brasileiros, também argentinos e uruguaios participarão do trabalho técnico. A exumação ainda não tem data definida, mas deve ocorrer até o fim do ano. Em agosto, uma equipe de peritos vai até o cemitério onde o ex-presidente foi enterrado, em São Borja, no Rio Grande do Sul, para fazer um reconhecimento do local e um escaneamento em 3D. Em seguida, traçar a logística do trabalho.

A data da exumação deverá ser definida em reunião agendada para setembro. Ainda que o resultado seja inconclusivo, a coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Cardoso, acredita que dará para responder, definitivamente, se Jango foi assassinado. “Temos que ver a exumação como um capítulo, dentro dessa questão mais ampla, que é a própria investigação das condições da morte do ex-presidente. A exumação pode não ser conclusiva. Ou pelo decurso do tempo, ou porque a tecnologia que o mundo dispõe hoje não é suficiente para, depois de 37 anos, identificar elementos de um envenenamento ou algum outro tipo de problema que Jango pode ter tido no uso de remédios”, explica.

Rosa Cardoso referiu-se ao documentário Dossiê Jango para afirmar que existe um “conjunto muito amplo de indícios concludentes” de que o presidente foi assassinado. “Nós queremos mais indícios, mais provas. A exumação tem que ser feita, é uma prova necessária. Mas vamos prosseguir na investigação de caráter histórico”, afirmou. A comissão também reiterou pedido de acesso a documentos guardados pelos Estados Unidos, que podem conter dados sobre as condições da morte do ex-presidente, e solicitou informações a países da América Latina.

A exumação vem sendo pleiteada pela família de João Goulart desde 2007. O ex-presidente morreu em 1976, na Argentina, após exílio no Uruguai. Não houve autópsia antes do sepultamento. Há uma versão, levantada pelo ex-agente secreto uruguaio Mario Barreiro Neira, de que houve troca dos medicamentos que o ex-presidente tomava para problemas cardiológicos. Ontem, ocorreu uma reunião entre peritos, familiares de Jango, representantes da Secretaria de Direitos Humanos, da Comissão Nacional da Verdade e do Ministério Público.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Exumação dos restos mortais de João Goulart deve ocorrer até o fim deste ano

Agência Brasil
 
 
A exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart deve ocorrer até o fim deste ano. A decisão foi anunciada hoje (9) após reunião dos integrantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e de parentes do ex-presidente com a secretária de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, Maria do Rosário. A exumação faz parte de uma investigação para esclarecer se a causa da morte João Goulart foi mesmo um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar. O processo de exumação deve ser iniciado em setembro.
"Há tempo vínhamos convivendo com a dúvida, uma dúvida pertinente à morte do nosso pai, o presidente João Goulart, e hoje nós vimos o avanço do Estado brasileiro", disse, após a reunião, o filho do ex-presidente, João Vicente Goulart. "Nós estamos encarando isto como um desafio histórico, e para virar uma página que a nossa família precisa. O Estado brasileiro também precisa investigar, e está dando uma resposta a esses anseios. O Brasil precisa mostrar às novas gerações que este país teve um passado, não apenas com Jango, mas com outras vítimas da ditadura militar", completou.
João Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do Norte da Argentina. Parentes e amigos próximos do ex-presidente sustentam a tese de que a morte pode ter ocorrido em função da substituição de medicamentos rotineiros de Goulart, feita por agentes da repressão uruguaia. As investigações conduzidas pela CNV, apontam que o ex-presidente foi mais uma vítima da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir opositores.
Em 2007, os parentes entraram com um pedido para que o Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul abrisse investigação sobre o assunto. Em 2011, o pedido foi estendido à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da SDH e este ano à Comissão Nacional da Verdade, que vai coordenar o processo. A exumação dos restos mortais do ex-presidente será feita por peritos da Polícia Federal (PF), em Brasília. Além do Ministério Público Federal no Rio Grande Sul, o trabalho será acompanhado pela Cruz Vermelha Internacional e por peritos uruguaios.
A coordenadora da CNV, Rosa Cardoso explicou que, devido ao tempo da morte de Goulart, a exumação poderá não trazer evidências conclusivas, em função do nível de decomposição óssea, mas que as diligências da comissão poderão complementar as possíveis lacunas. "Esta diligência, que é a exumação, faz parte de um quadro mais geral da investigação, portanto, não é conclusiva. Se nós tivermos um resultado desfavorável, nós podemos entender também que a passagem do tempo desfigurou o material a ser investigado", disse Rosa Cardoso, ressaltando que a investigação está inserida em um quadro mais abrangente que traz evidências, "que mostram um conjunto de provas no sentido de que o nosso ex-presidente foi assassinado; não morreu de morte natural". Rosa Cardoso declarou ainda que, caso necessário, o governo poderá requisitar técnicos e equipamentos de outros países.
De acordo com o chefe da Divisão de Perícias da PF, Amaury de Souza Junior, neste primeiro momento houve a definição das competências do grupo pericial, formado por especialistas das áreas de antropologia, química, medicina, odontologia, farmácia e genética forense. O grupo deve reunir documentos relativos ao histórico médico de Jango, como era chamado o ex-presidente, como laudos e dados clínicos e à necrópsia do corpo, ainda no mês de agosto. Em setembro, os peritos farão a programação do processo de exumação. "Nós começamos trabalhar as informações de documentos e, a partir dessas informações, vamos iniciar o processo tanto de exumação como de análise química", disse.
Os peritos uruguaios e a Cruz Vermelha Internacional auxiliarão no trabalho, com a experiência adquirida em processos semelhantes, ocorridos no Uruguai e também no Chile, como as exumações dos restos mortais do ex-presidente chileno Salvador Allende e do poeta chileno Pablo Neruda, informou Suza Junior.


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